quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Escolher ou não uma educação bilíngüe? Conversando com os pais


Acontece um fenômeno curioso nas escolas bilíngues: muitos pais de crianças pequenininhas já chegam com muitas informações sobre educação bilíngue, diferentemente do que acontecia há alguns anos. A maioria não pensa mais que aprender uma segunda língua quando ainda não se domina perfeitamente a primeira é prejudicial para a criança. Ainda bem! Muitos já chegam sabendo dos benefícios que a educação bilíngue pode proporcionar. Imagino que seja porque as mídias têm publicado textos sobre esse tema com frequência.
Muitos dos pais que procuram uma escola bilíngue não falam fluentemente uma segunda língua. Vários contam que tentaram aprendê-la sem sucesso, ou que aprenderam um pouco, mas não conseguem se comunicar com fluência. Alguns dizem que precisam desta língua em seu trabalho, e esta motivação os leva a procurar dar a seus filhos algo que precisam, mas que para eles foi difícil adquirir. Uma atitude louvável, e bem paternal.
Mas apesar do entusiasmo nos primeiros anos da escola bilíngue, ao ver a criança cantando e falando suas primeiras palavras em outra língua, vão ficando ansiosos quando as crianças vão crescendo. Aos quatro anos alguns já estão aflitos com a alfabetização. Aos cinco começam a querer uma dessas escolas que aparecem nos rankings do ENEM, e até mudam a criança de escola, pensando em prepará-la para o vestibular e abrindo mão da segunda língua.
Gostaria de pensar, com os pais que me lêem, o que acontece quando isso acontece?
O que leva uma família a matricular seu filho numa escola bilíngue na educação infantil e passar para uma escola regular no ensino fundamental?
Se aprender uma segunda língua foi uma decisão consciente, considerada importante no início, por que mudar de ideia depois?
Não acho que todos devem optar pela educação bilíngue, é claro. A decisão pelo tipo de educação que se dá a uma criança é muito complexa e deve levar em conta muitos fatores. Mas acho que deveria ser coerente. Porque estamos falando de formação, ou seja, um processo gradual, longo e contínuo. Não um produto que se compra e usa, como uma roupa que se veste e tem prazo de duração.
Sendo a educação, portanto, um processo de formação, vale a pena interrompê-lo no meio do caminho? O que se ganha e o que se perde com essa escolha?
Convido os pais a refletirem quais os motivos que os levam a escolher uma escola bilíngue para seu filho antes de tomarem sua decisão. Enriquecimento cultural? Fluência em uma segunda língua? Formação mais ampla? Status? Empregabilidade? Modismo? Dependendo do motivo da escolha, deve-se pensar se estamos realmente confiantes na decisão e comprometidos com ela. Para que sejamos coerentes com nossos propósitos e com as necessidades de nossos filhos…

Selma Moura

Disponível em http://educacaobilingue.com/2010/06/25/pais-2

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